GTA 6 Revela: Rockstar Adota Nova Postura Política no Jogo?

Grand Theft Auto 6: Uma Nova Perspectiva em Marketing e Narrativa

Mudanças Culturais na Rockstar Games e o Impacto em GTA 6

Em 2022, a Bloomberg noticiou uma transformação significativa na Rockstar Games, marcando o fim de uma “cultura de fraternidade” e uma nova abordagem para a série Grand Theft Auto. Essas mudanças se manifestaram de diversas formas, desde a redução da pressão sobre os funcionários até a diminuição da disparidade salarial de gênero e, mais notavelmente, a introdução da primeira protagonista feminina jogável da série, uma latina chamada Lucia. Agora, com o segundo trailer de Grand Theft Auto 6, fica evidente que a estratégia de marketing também evoluiu em relação aos títulos anteriores.

Comparativo: Marketing de GTA 5 vs. GTA 6

Para ilustrar essa diferença, vamos revisitar o marketing do sucesso estrondoso GTA 5, lançado em 2013. O primeiro trailer do jogo foi lançado em 2011, seguido pelo segundo em 2012. Apresentando três protagonistas, ambos os trailers destacavam a voz de Michael de Santa (Ned Luke), um criminoso de carreira em crise de meia-idade, buscando terapia em um estilo reminiscente de Tony Soprano. O foco principal era a ação, com perseguições de carros emocionantes e grandes crimes envolvendo a colaboração entre os três personagens, embora Michael recebesse mais destaque nesses trailers iniciais.

O senso de humor característico da série – que, apesar de sua notória representação de trabalhadoras do sexo e mulheres em geral, tende a satirizar alvos da direita – não estava tão evidente. No entanto, o marketing inicial de GTA 5 deixava claro que os três protagonistas eram anti-heróis. O jogador poderia estar no controle deles, mas não necessariamente concordaria com suas ações. Afinal, o objetivo era cometer crimes e abraçar os instintos, então jogar com personagens antipáticos fazia sentido.

Já o marketing inicial de Grand Theft Auto 6 apresenta uma atmosfera diferente. Os primeiros trailers priorizam o drama dos personagens em vez da ação pura. E, embora Jason e Lucia também sejam claramente anti-heróis, recorrendo a uma vida de crime, os trailers os mostram como personagens com quem o público pode se identificar, especialmente Lucia.

Lucia: A Protagonista que Desafia Expectativas

O primeiro trailer de GTA 6 coloca Lucia em destaque, apresentando uma breve conversa com uma assistente social da prisão, criando um perfil da personagem. (É fácil contrastar isso com a abertura do segundo trailer de GTA 5, que mostra duas mulheres não identificadas gritando uma com a outra, antes da narração de Michael). Essa ênfase faz sentido, considerando que Lucia é uma das duas protagonistas. Além de ser a primeira personagem feminina jogável em GTA, ela é retratada como alguém com quem o público pode se solidarizar. Em certo momento, Lucia menciona à assistente social que a “má sorte” a levou à prisão, e não parece ser uma piada.

A Dinâmica de Jason e Lucia: Um Laço Inesperado

O segundo trailer de GTA 6 aprofunda ainda mais a construção dos personagens de Jason e Lucia. Jason parece ser o menos simpático dos dois, com uma cena onde agride um caixa negro antes de abrir o caixa registradora (aparentemente, parte das tarefas que ele realiza para um amigo proprietário, que permite que Jason viva sem aluguel em troca desse tipo de “cobrança”). No entanto, através de pequenos momentos íntimos, desde Jason buscando Lucia em sua libertação da prisão até os dois passando tempo juntos em um apartamento, abraçando-se após Lucia voltar de suas horas de serviço comunitário ainda vestindo seu uniforme laranja, é difícil não torcer por eles.

Comentários Sociais: Violência Policial e Patriotismo Distorcido

Outro aspecto marcante do último trailer de GTA 6 é a sua representação da violência policial. Em contraste, o primeiro trailer de GTA 5 mostrava rapidamente um policial negro expulsando um homem branco de um prédio, seguido por uma cena separada de Franklin, o protagonista negro, fugindo de um trio de policiais. A polícia não tem muita presença no segundo trailer de GTA 5, exceto por algumas sirenes ao fundo durante uma perseguição de carros. Eles são vilões, sim, mas essa vilania não é o foco dos trailers – e certamente não de uma forma que ofereça um comentário sobre o racismo sistêmico.

O segundo trailer de GTA 6 dedica mais tempo a uma cena muito diferente. Enquanto Jason dirige lentamente por uma rua da cidade, podemos ver uma grande prisão acontecendo ao fundo, com vários suspeitos negros sendo detidos e vários carros de polícia parados no local. Vemos um policial branco empurrando um desses homens; outro policial tem um homem negro pressionado contra uma parede de tijolos. Em uma cena posterior, vemos um policial anunciando a seus colegas: “Nós, policiais, temos que nos proteger”. A implicação é clara: os policiais são como outra gangue nas ruas, protegendo seus próprios. Mas, mais especificamente, são uma gangue que se presume ter uma inclinação racista. Junte isso à prisão de Lucia e tudo se encaixa.

O último trailer de Grand Theft Auto 6 também inclui um breve comercial de “Phil’s Ammu-Nation”, uma loja de armas cujo proprietário se vangloria: “Temos mais armas do que a lei permite!”. Ele pega um rifle enquanto duas mulheres de biquíni com a bandeira americana posam atrás dele, também segurando rifles. O comercial então corta para esse cara em cima do telhado de sua loja, disparando balas cegamente para o ar e gritando “Woo-hooooo!”. Fica bem claro pela edição aqui que devemos odiar esse cara e tudo o que ele representa. E o que ele representa é o “patriotismo americano”. Justo.

GTA 6: Um Novo Capítulo na Saga

Ainda não sabemos como será Grand Theft Auto 6 quando tivermos acesso ao jogo completo, e ainda temos um longo tempo de espera – um ano, para ser exato. Mas já está claro, pelas curtas cenas que temos aqui, que o departamento de marketing da Rockstar tem algumas conclusões específicas que deseja reforçar nesses trailers.

E são as seguintes: A polícia não é confiável. Fanáticos por armas que priorizam a América são perdedores estranhos. Por último, mas não menos importante, Lucia é nossa heroína, e ela é aquela com quem você poderá se identificar mais nesta história – além de ser uma mulher latina cuja “má sorte” a colocou na prisão, o que é algo que você deve sentir simpatia em vez de julgar, e cuja vida de crime pode ser a única maneira de ela sobreviver.

Isso soa como um tipo de história de Grand Theft Auto muito diferente. E também soa como uma fascinante.

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