Será que o jogo mais aguardado dos últimos tempos conseguirá manter sua sátira relevante?
O lançamento de Grand Theft Auto VI provavelmente será algo semelhante ao que vimos em 28 Dias Depois: ruas desertas, locais de trabalho com cadeiras vazias, e escolas (desculpe PEGI, mas sejamos realistas) com tantas ausências que os professores começarão a se perguntar se há alguma doença infecciosa que ainda não descobriram.
Quando se fala de uma série cujo último jogo já vendeu mais de 205 milhões de cópias mundialmente, a questão não é se o sexto título será um sucesso enorme, mas sim o quão imenso esse sucesso será.
Há poucas certezas na vida, mas GTA 6 sendo o maior lançamento de mídia de 2025 é quase uma aposta segura. Isso é o que sabemos, mas o que não sabemos pode ser o que determinará se o jogo realmente corresponderá à expectativa astronômica que criou.
Já sabemos que o jogo terá dois protagonistas, incluindo a primeira mulher jogável desde 2000 (não a primeira de todas, como alguns afirmam). Lucia e seu parceiro, cujo nome ainda não foi confirmado (embora vazamentos anteriores sugiram que seja Jason), prometem ser a versão do século 21 de Bonnie e Clyde, enquanto percorrem Leonida (baseada na Flórida) e Vice City em sua jornada criminosa.
Entretanto, o enredo sempre foi apenas um componente do sucesso de GTA, e embora seja de se imaginar que ele será sólido novamente, a reputação da série como sátira é o ponto que gera mais dúvidas desta vez. Muita coisa mudou nos 12 anos entre GTA 5 e GTA 6: vivemos em um mundo com um segundo mandato de Trump, um lugar onde a toxicidade das redes sociais, acusações de “notícias falsas”, narrativas anti-“woke” e a tecnologia de deep fake fazem parte do dia a dia de muitas pessoas.
No passado, alguns outdoors engraçados, anúncios de rádio satíricos e uma ou duas estações de rádio com talk shows já eram suficientes para que GTA fosse considerado um comentário social de ponta nos videogames. Mas essa estratégia pode parecer ultrapassada se for repetida desta vez.
Será que os roteiristas da Rockstar conseguirão, de alguma forma, zombar dos poderosos e dos fragilizados da sociedade atual de uma maneira que pareça nova? Eles definitivamente não estão pensando em recuar: o primeiro trailer do jogo inclui diversos “easter eggs” zombando de temas como Fox News, antidepressivos e tudo relacionado à Flórida, deixando claro que o humor continuará presente, independentemente do quão bem-sucedido ele será.
Outro grande desconhecido é como será o inevitável componente online do jogo e como ele diferirá do atual GTA Online. Ele substituirá o atual? Os jogadores poderão transferir tudo o que conquistaram na versão de GTA 5, ou terão que recomeçar do zero? Jogadores solo poderão aproveitar mais a experiência sem precisar interagir com outros online?
A única certeza, além do enorme sucesso de vendas de GTA 6, é que GTA Online estará presente – e por um bom tempo: um analista citado pelo Wall Street Journal sugeriu que, uma década depois, GTA Online ainda gerava cerca de meio bilhão de dólares (sim, com B) nos 12 meses entre o verão de 2022 e 2023.